Resenha do filme: A Onda
Diretor: Dennis Gansel
Roteirista: Dennis Gansel, Peter Thorwarth
Elenco: Jürgen Vogel, Frederick Lau, Max Riemelt, Jennifer Ulrich, Jacob Matschenz
Origem: Alemanha
Ano: 2008
Gênero: drama/suspense
Duração: 107 minutos
Avaliação: 4/5
Sinopse:
A escola na qual Rainer Wenger (Jürgen Vogel) é professor está oferecendo cursos de uma semana para os alunos. Wenger, impossibilitado de ficar com o curso de anarquismo, acaba ministrando o curso de autocracia. Seus alunos são da terceira geração após a Segunda Guerra Mundial e não acreditam que outra ditadura possa instaura-se na Alemanha. Rainer, então, decide começar um experimento implantando aos poucos uma ditadura na sala de aula, porém essa experiência adquire proporções para além de seu controle.
Esse filme é inspirado no livro homônimo escrito pelo autor americano Todd Strasser e no experimento social da Terceira Onda (história similar à do filme, onde um professor cria um movimento, fictício, chamado Terceira Onda com o objetivo de eliminar a democracia).
O filme começa com Rainer Wenger (Jürgen Vogel) dirigindo para o trabalho e ouvindo rock. A partir dessa cena já percebemos que Rainer tem um estilo despojado e mais liberal, o que é importante para o desenrolar do filme, onde sua imagem aos poucos será modificada. Ao chegar na escola, que está oferecendo cursos de uma semana, ele vai falar com a diretora pois gostaria de ficar com o curso de anarquismo, mas fica sabendo que outro professor já o pegou e, a ele, sobra o curso de autocracia que, a princípio, não parece ter nada a ver com ele.
O início de sua aula não flui muito bem e, ao mesmo tempo, seus alunos não parecem achar que outra ditadura possa ser instalada na Alemanha, especialmente por viverem não muito tempo depois da Segunda Guerra Mundial, um acontecimento que deixou muitas cicatrizes no país. Porém, Rainer não está convencido disso e decide iniciar um experimento criando sua própria ditadura em sala de aula, que mais tarde será chamada de A Onda. Os alunos o elegem como líder e logo Rainer começa a impor regras. Ele pede para que o chamem de senhor Wenger, e proíbe os alunos de falarem sem permissão, além de instituir que, para falar, eles precisam levantar-se.
Alguns personagens começam a se destacar no filme. Mona (Amelie Kiefer) é uma aluna que desde o início não gostou da ideia do professor e relutava a seguir seus comandos, mais tarde ela irá abandonar a classe e lutar para acabar com o movimento que Rainer criou. Karo (Jennifer Ulrich) também se voltará contra o movimento mais tarde, por se sentir excluída ao não seguir todas as regras que o professor Wenger passou. Ela junto com seu namorado Marco (Max Riemelt), que é membro d'A Onda e a defende, vão protagonizar os pequenos impactos que aquele regime ditatorial irá causar em seus membros. Tim (Frederick Lau) talvez seja o melhor exemplo de como uma ideologia pode mudar alguém, ele era sozinho, não recebia muita atenção dos pais e facilmente influenciável. Então viu n'A Onda uma oportunidade de se tornar parte de algo maior e de realmente ter importância o que fez com que apoiasse o movimento e ajudasse a o propagar.
É nesse cenário, entre opositores e adeptos que o movimento irá crescer. O senhor Wegner decide criar um uniforme, bem simples: calça jeans e camiseta branca, para padronizar os alunos e surge o nome A Onda, assim como um logotipo. Os alunos vão se sentindo cada vez mais próximos de uma unidade ao mesmo tempo que espalham o movimento para fora dos limites da sala de aula. Começam a pichar o símbolo da Onda, assim como a arranjar novos adeptos. O movimento, então, além de adquirir um tom autoritário e agressivo, começa a sair do controle do senhor Wegner.
Acho que o mais interessante de todo o filme é a gradatividade com que o movimento vai sendo construído. O sentimento de unidade vai se instalando aos poucos em cada um e esse espírito começa a mudar o jeito de agir dos alunos. É verdade que houve mudanças boas, eles se tornaram mais engajados no colégio e tiveram mudanças boas no comportamento também, mas não demorou muito para que isso desse lugar ao fanatismo e à agressividade. Além disso, é impressionante ver como as pessoas podem ser manipuladas e como algumas são muito mais propensas a isso do que outras. Prestem bastante atenção no Tim, porque ele é a demonstração pura disso. O próprio Wenger, que era simpatizante da anarquia, deixa-se dominar pelo poder e acaba demonstrando-se um verdadeiro ditador, chegando ao ponto de sua esposa nem mais reconhecê-lo.
O filme é muito bom e é também um gerador de reflexões. Para quem gosta de filmes que te fazem pensar, rever seus valores e até mesmo filmes com um teor sociológico/psicológico esse é um que está na lista dos que precisam ser assistidos!
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