Resenha do livro: Nevermore - Kelly Creagh

Título original: Nevermore
Editora: Pandorga
Ano: 2012
Páginas: 448
Avaliação: 3/5
A líder de torcida Isobel Lanley fica horrorizada quando descobre que seu paceiro para o projeto de inglês é Varen Nethers e que o projeto deve ser entregue - tão injusto - no dia do jogo contra o rival do colégio. Frio e indiferente, cínico e com a língua afiada, Varen deixa claro que ele também preferia não ter que estudar com ela. Porém, quando Isobel descobre um texto estranho escrito no diário de Varen, passa a ver com outros olhos esse enigmático garoto de olhar expressivo. Logo Isobel começa a inventar desculpas para poder encontrar Varen. Afastando-se cada vez mais de seus amigos e do namorado possessivo, Isobel entra mais fundo no mundo de sonhos que Varen criou nas páginas de seu diário, um mundo onde as aterradoras histórias de Edgar Allan Poe ganham vida. Enquanto seu mundo começa a desmoronar ao seu redor, Isobel descobre que os sonhos, assim como as palavras, têm mais poder do que ela imaginava, e que as realidades mais assustadoras são aquelas criadas pela mente. Agora ela precisa encontrar um maanira de chegar a Varen antes que ele seja consumido pelas sombras de seus próprios pesadelos. A vida dele depende disso.
Depois de uma leitura meio pesada como foi a do livro A Sombra do Vento eu estava procurando algo bem leve e fácil de ler. Esse livro parecia preencher os requisitos. Além disso tudo o que envolve Poe costuma despertar o meu interesse. A editoração está fantástica, com certeza foi a capa que me fez prestar atenção nesse livro em meio a tantos outros na prateleira da livraria. O contorno das páginas em preto, o desenho de corvo no início de cada capítulo... a aparência do livro em si já é um grande atrativo. Vale destacar que comparada com a edição original essa dá de 10 a 0.
Eu não esperava muito da história. Majoritariamente o motivo da minha leitura foi Poe e a curiosidade de saber como ele seria encaixado na história. Posso dizer que o livro me surpreendeu um pouco se revelando uma leitura muito agradável. Apesar disso a história possui diversos clichês e o rumo dos acontecimentos parece um pouco forçado no início. Explicarei o porquê.
Isobel é a típica patricinha loira líder de torcida cujo todos os pertences são rosas e fofos. Ela tem um namorado, Brad, que joga no time de futebol americano e seu grupo de amigos se resume às líderes de torcida e jogadores de futebol, particularmente Nikki, sua melhor amiga, Mark, o namorado de Nikki, Alyssa e Stevie. Mais tarde as coisas melhoram e ela fica amiga de Gwen, uma garota meio alternativa que é sua vizinha de armário no colégio, mas elas nunca se falaram até Isobel brigar com seus amigos. Gwen, na minha opinião, é uma das personagens mais cativantes do livro, apesar de seu papel secundário.
Varen é o extremo oposto de Isobel. Tipicamente gótico ele só usa roupas pesadas e pretas, com correntes e até maquiagem. Ele não fala com os outros, apenas com os góticos de seu grupo e tem fama por ser esquisitão. Claro que as emoções estão fora do círculo de reações disponíveis a ele, que sempre anda com um diário onde constantemente escreve e desenha. Sua forma de fugir do mundo ao seu redor.
Bem, basicamente o livro gira em torno dos dois e do projeto que ambos tem que fazer juntos. E é esse projeto que também causará os mais diversos problemas. Aliás os problemas começam quando Varen escreve seu número de telefone na mão de Isobel, para que ela pudesse ligar para ele a fim de fazerem o trabalho. Aparentemente isso é completamente errado, pois Nikki, sua amiga, fica revoltada com isso e Brad, seu namorado, mais ainda, o que gera um desentendimento entre eles. Isobel, então, aos poucos vai se tornando a defensora de Varen, o que dificulta mais ainda a convivência com seus amigos, até que há um rompimento. Mas não são só os amigos de Isobel que não gostam de Varen. O pai dela também tem sérios problemas com o garoto, por sua aparência, o que acaba obrigando a garota a sair escondido de casa para fazer o projeto com Varen.
Os conflitos que envolvem a vida "normal" de Isobel e Varen, como fazer o projeto e se relacionar com os amigos são bem toscos. Parece que qualquer coisa se torna motivo para uma briga que acaba por aproximar o casal improvável. Porém, conforme isso é superado a história vai ganhando um outro rumo onde coisas estranhas realmente acontecem e onde Varen começa a demonstrar um pouco do seu lado humano. Aí os conflitos se tornam mais complexos e a obra de Poe encontra-se mais presente nessa parte do livro.
Apesar da superficialidade dos personagens e dos clichês, tudo isso funciona no livro, que acho que cumpre o que promete. De início é a possibilidade de romance entre o gótico e a líder de torcida e suas consequências que nos mantém virando as páginas, mas gradativamente o conflito sobrenatural vai tomando conta do livro e capturando nossa atenção. É uma boa leitura, que recomendo para aqueles que gostam de romances paranormais. O livro é o primeiro de uma trilogia, sendo que o segundo livro também já foi lançado no Brasil.
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