Resenha do livro: O Retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde
Editora: Penguin
Ano: 2012
Páginas: 260
Avaliação: 5/5 Favorito!
Sinopse:
Dorian Gray é um belo e ingênuo rapaz retratado pelo artista Basil Hallward numa pintura. Mais do que um mero modelo, Dorian Gray torna-se inspiração a Basil em diversas outras obras, cuja paixão pelo rapaz é velada no texto. Devido ao fato de todo o seu íntimo estar exposto em sua obra prima, Basil não divulga a pintura e decide presentear Dorian com o quadro. Com a convivência junto a Lorde Henry Wotton, um cínico e hedonista aristocrata muito amigo de Basil, Dorian é seduzido ao mundo da beleza e dos prazeres imediatos e irresponsáveis, espírito que foi intensificado após, finalmente, conferir seu retrato pronto e apaixonar-se por si mesmo. A partir de então, o aprendiz Dorian Gray supera seu mestre e cada vez mais se entrega à superficialidade e ao egoísmo. O belo rapaz, ao contrário da natureza humana, misteriosamente preserva seus sinais físicos de juventude enquanto os demais envelhecem e sofrem com as marcas da idade.
Ah, esse livro! A ideia de não envelhecer sempre me fascinou. Imagine, ter um retrato de si que envelhece no seu lugar. Esse conceito por si só já é suficiente para motivar a compra do livro. A edição da Penguin, porém, não foi muito satisfatória para mim. A capa é ok, mas o fato de não ter orelhas fez com que ela se deteriorasse um pouco e, acho que por causa do material, ficasse curvada para fora. Até agora não consegui tirar essa curva, o que me deixou um pouco triste. Mas vamos ao conteúdo do livro, que me faz relevar qualquer defeito de capa. Aliás, recomendo a leitura do prefácio que faz algumas reflexões sobre arte e artista e tem tudo a ver com o livro.
A cena inicial é de Basil, o pintor, em seu atelier conversando com Lorde Henry sobre o quadro que ele pintara: o retrato de Dorian Gray. Ele queria que Basil exibisse o quadro, mas este se recusa veementemente.
-Sei que você vai rir de mim - o outro respondeu - mas realmente não posso exibi-lo. Eu pus muito de mim nele.
A forma como Basil fala de Dorian acaba por despertar a curiosidade de Lorde Henry que deseja saber mais sobre ele. O pintor então conta como eles se conheceram e deixa claro o quanto ele admira e, diria eu, até venera Dorian. Ao ler o relato de Basil eu passei a ver o jovem com os mesmos olhos do pintor, me afeiçoando a ele antes mesmo de o conhecer.
Virei-me e vi Dorian Gray pela primeira vez. Quando nossos olhos se encontraram senti que empalidecia. Fui tomado por um sentimento de terror. Sabia que estava diante de alguém cuja personalidade era tão fascinante que, caso eu permitisse, absorveria todo o meu ser, toda a minha alma e até a minha arte.
A profundidade do sentimento de Basil é tocante e muito importante para todo o desenrolar da história, pois é ela, em junção com o desprezo de Dorian por uma amizade tão sincera e dedicada que irá mexer com as emoções do leitor.
E o culpado de toda a desgraça que se segue? Lorde Henry, é claro. Que personagem terrível. No decorrer da história cada vez mais eu desgostava dele. Foi ele quem apresentou Dorian à vida de prazeres supérfluos, foi ele quem contribuiu para o afastamento de Dorian e Basil e foi ele, sempre com seus comentários ácidos que me tirou do sério muitas vezes. É certo que ele fala verdades, mas também distorce tudo para se adaptar ao seu ponto de vista e quer convencer a todos de que suas opiniões são as corretas. Simplesmente irritante.
E o culpado de toda a desgraça que se segue? Lorde Henry, é claro. Que personagem terrível. No decorrer da história cada vez mais eu desgostava dele. Foi ele quem apresentou Dorian à vida de prazeres supérfluos, foi ele quem contribuiu para o afastamento de Dorian e Basil e foi ele, sempre com seus comentários ácidos que me tirou do sério muitas vezes. É certo que ele fala verdades, mas também distorce tudo para se adaptar ao seu ponto de vista e quer convencer a todos de que suas opiniões são as corretas. Simplesmente irritante.
E Dorian... Assim como Basil eu gostava dele. Ele era tão perfeito, tão puro e desentendido da vida que mais parecia um objeto belo feito apenas para ser admirado do que um humano. Ok, estou falando igual ao Basil. Mas a verdade é que ele, depois que conheceu Lorde Henry, que percebeu que sua beleza era passageira e que se decidiu a aproveitar tudo o que a vida podia lhe proporcionar, tornou-se um verdadeiro monstrinho. A cada acontecimento, assim como seu retrato, sua alma tornava-se mais negra e eu, assim como Basil, relutava em aceitar que aquele Dorian das primeiras páginas pudesse ter se perdido para sempre. Na verdade, até ele próprio não acreditava nisso, uma vez que, apesar de todos os seus pecados, sua aparência era tão bela e pura quanto sua alma um dia fora.
Basicamente o livro retrata a deterioração do caráter de um homem, mas de uma forma belíssima, recheada de críticas e filosofia. Justamente por causa do conteúdo filosófico o ritmo de leitura não é tão rápido. Tiveram trechos em que eu parei e refleti um pouco sobre o conteúdo, para depois continuar a leitura. Existem muitas verdades contidas nesse livro que valem não só para a época na qual ele se passa, século XIX, como para a nossa também.
E, para aqueles que ainda não se encantaram completamente, o final do livro é fantástico. Terrível, mas muito bom. Vemos a que ponto um homem pode chegar e que atrocidades ele pode cometer pelo mais banal dos motivos. E, como eu havia dito, é assustador saber que isso pode acontecer. No fundo, todos temos um Dorian Gray e é aí que está o ponto chave da obra. Todos podem se identificar com a vontade de não envelhecer e, de certa forma, de não sofrer com os pequenos delitos cometidos. E é isso que faz com que esse livro tenha se tornado um dos meus preferidos e mais recomendados.
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